26/12/2019
Eu gosto de gente bonita.
Mas antes que você pense no quão óbvias são estas palavras, por favor, deixe-me explicar. Tente, por um minuto, se esquecer dessas mulheres perfeitas que estampam Vogues pelo mundo. Tente pensar em beleza, sem relacioná-la aos colírios da Capricho, ou a sua modelo da Victória's Secret favorita. É claro que pessoas assim são bonitas.
Mesmo com retoques. Mesmo com poses pré-programadas. Mesmo aparentando ser o que não são. Mesmo muitas delas sendo extremamente vazias. Mesmo assim, esqueça-as. Talvez elas sejam comuns demais para serem consideradas(afinal, são substituídas a cada mês, quinzena ou coleção...)
De qualquer forma, não é desse tipo de gente que eu gosto, quando digo que gosto de gente bonita. Mas não serei hipócrita a ponto de dizer que não me agrado com o que agrada aos olhos também. É claro que eu gosto de corpos esculturalmente modificados pela chegada de um bebê.
Claro que invejo seios fartos, que sobreviveram a um maldito nódulo malígno. É óbvio que músculos que seguram forte alguém necessitado me encantam. Eu certamente gostaria de ter lábios carnudos, daqueles que falam gentilezas e colocam outras pessoas pra cima sempre que podem.
E com certeza olhos claros, que apreciam a luz de um belo pôr-do-sol e são cheios de paixão são os meus preferidos. Eu preciso admitir: a beleza física é boa também. Talvez o lado mais belo da beleza física, porém, seja considerada feio demais para ser mostrado. Para estar na Vogue do próximo mês.
Para fazer mulheres invejarem. Para fazer garotas babarem a ponto de dizerem: "eu quero ser assim", ou "eu quero tê-lo!". Mas talvez também, seja aí onde toda a magia da verdadeira beleza se esconde. Ela é tão rara, que chega a ser egoísta. Não existem tutoriais para se ter a beleza de verdade.
Ela não estará nas passarelas da próxima coleção de moda em Paris, nem tampouco em capas de revistas. Ela necessita de um pouco mais de calma, cuidado e coração para ser vista, entendida, sentida. E nem todos são cuidadosos para amá-la como ela merece.
Gente bonita se revela devagarzinho, dentre o barulho dos carros na cidade, e as conversas paralelas no restaurante. Gente bonita se mostra em algum cantinho do ônibus, do shopping, do parque. Gente bonita virou aquele segredo que pouca gente conhece, que poucos reconhecem.
Aliás,pensando bem, eu quero ajustar a primeira frase desse texto.
A frase correta seria: eu gosto de procurar por gente bonita.
11/05/2014
O choro de todas as noites
Certa vez, ouvi uma colega que quer muuito passar no Vestibular e cursar medicina, comentar: "essa é a razão do meu choro de todas as noites". Isso me fez rir. Mas também me fez pensar no impacto que os sonhos, (tenho a tese de que até aquele professor mais rabugento possui ao menos um), tem em nossas vidas e o quão valioso isso é. Como desejar algo com tanta força, faz "desencanados" orarem pedindo uma forcinha lá de cima, consumista economizar e pessoas cheias de compromissos gastarem noites planejando milimetricamente cada momento do que alguns preferem chamar de "o melhor dia de suas vidas". Séria essa coisa de ser sonhador, né não? Eu sempre acreditei que as melhores coisas dessa vida, acontecem, além de a partir de nossos esforços, no momento em que devem acontecer. Nada que vale realmente a pena vem sem noites mal dormidas, muita, muita determinação e o danado do tempo. Ah, o tempo. Sonhos como passar no Vestibular (força Gabi!), exigirão responsabilidade e experiência, e não tem jeito: a maior parte dessas coisas vem com essa palavrinha chata chamada tempo. Não que eu seja extremamente impaciente, mas sejamos honestos: ter de esperar tanto para fazer aquela viagem incrível, conhecer seu ídolo, ter seu próprio cantinho... pode se tornar frustrante e desanimador. E é justamente nesse estágio da trajetória de sonhar, a parte onde muita gente resolve desistir, onde começam os "choros de todas as noites" já citados. É justamente quando as incertezas se fundem com a confiança, e acabamos vivendo uma montanha-russa emocional. Quando tudo parece dar errado o bastante pra te fazer pensar: "eu nunca vou conseguir", mas vez por outra, em um dia bonito e ensolarado e com uma palavra amiga, consideramos a hipótese de chegar lá. Mais difícil ainda é conviver com o sentimento parecido com o de alguém que está aprendendo a nadar sozinho: nos esforçamos, gastamos energias e no final, SURPRESA!, parece que foi em vão, pois sequer saímos do lugar. Que sonhador nunca se sentiu assim? Se já se sentiu, pasme, saiba que está atravessando com sucesso a melhor e mais importante etapa, além de ser a que mais contará no final, até mais do que a realização do sonho em si. Como já dizia Miley Cyrus, "não tem a ver com o que me espera lá em cima. É a SUBIDA". Calma, eu não estou ficando maluca! O que quero dizer, é que APENAS ter o que queremos é mole demais e chato demais. A vida é muito curta pra nos subestimarmos a ponto de não querer lutar! Por outro lado, quando somos obrigados a ralar pelo que queremos, nos descabelamos, choramos e penamos, estamos também APRENDENDO um moonte de coisas. Basta que nos apercebamos disso, usemos todo esse aprendizado a nosso favor para a vida, e o guardemos para um próximo sonho a ser vivido. Afinal, falar "eu consegui" é bom, mas falar "meu esforço me trouxe até aqui, e me fez mais forte", não tem preço.
Por isso, não me levem a mal, mas lhes desejo muitos choros de todas as noites.
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